Diz-me mentiras,
Chora comigo,
Ama-me até ao fim.
Somos loucura e viver,
Lágrimas soltas e dor,
Ou talvez nem assim.
Onde te conto, amanhã,
Como queria fugir
E não consegui.
Recorda o que nunca senti,
Esse fundo de cofre,
Esse tesouro de mim.
O banco verde espera por mim,
Olho para diante. Vejo uma nuvem.
E um céu opressor que rói o ser,
Não há.
A voz que canta vinda das trevas,
Banda sonora do sofrimento,
Terapia para a ausência.
Depois o carro, e a fuga.
O sol que não brilha nem aquece.
O regresso.
As
pessoas entram e ocupam a sala,
Espalham-se
pelo corredor como quem busca alimento,
E
de repente, tudo parece imóvel.
De
copo na mão se enche o luar.
De
alma vazia se espera fermento.
Não
posso. Não sei.
Como
se faz e diz o amor?
De hoje a amanhã,
Com
pés agrilhoados, e suor nas têmporas,
Com
voz embargada, e temor na alma,
De
hoje a amanhã,
Um
monte de esperança,
Um
faixo de luz.
A
terra queimada num golpe de sorte.
A
dança da noite traz rebuliço à aldeia,
As
moças solteiras em véus de veludo,
Não
vou.
Hoje
é o dia de brindar aos que recusam.
É
dia de saudar os outros que saem
Dali
como quem vai e volta num instante,
Como
quem não sabe o caminho.
Nunca
iria.
O
sol só brilha após a jornada,
E
nega o calor aos fiéis deserdados.
Não chego.