O DEPOIS

As portas fechadas, os sonhos perdidos,
Um amanhã esgotado, um hoje ilusório
O corpo vendido, em prol dos sentidos,
A idade vivida em tons de velório.

O tempo que passa, sem ver o caminho,
A chuva de orgulho, um tanto doente,
A gente que segue e deixa sozinho,
Um doce sentir, que sorri e que mente.

Semente do nada, e a tudo pertence,
Na voz da enxada que uma seara corta,
E apura o sabor do pão que convence,
A boca faminta de uma alma já morta.